Atualmente, mais de 2,3 milhões de pessoas em todo o mundo tem Esclerose Múltipla (EM), uma das doenças mais comuns do sistema nervoso central.
Os olhos são a porta de entrada para as imagens que nos permitem ver o mundo à nossa volta.
Quando alguma coisa interfere nesse funcionamento, pode ser perdido um dos mais belos sentidos, a visão. Existem algumas doenças que são capazes de fazer isso. Uma delas, que começa a ser cada vez mais conhecida, é a nevrite ótica, patologia inflamatória que diminui a acuidade visual e está muito relacionada com a Esclerose Múltipla.
O que é uma Nevrite Ótica?
A neurite ótica é uma doença que atinge o nervo ótico, causando a sua inflamação. Ela apresenta-se sob 3 formas:
- Neurorretinite (quando há a inflamação do nervo óptico e da retina adjacente);
- Papilite (quando atinge a papila ou cabeça do nervo óptico);
- Neurretinite Retrobulbar (quando acomete a porção do nervo óptico situada atrás do olho). A forma retrobulbar é a mais difícil de identificar, pois o exame de fundo de olho pode aparecer normal, além disso, é a que tem maior associação com a esclerose múltipla.
O nervo óptico é revestido por uma bainha, chamada bainha de mielina. Essa bainha é indispensável para a propagação de um impulso nervoso de um nervo a outro. Existem doenças que causam a perda desta bainha e a essas são conhecidas como doenças desmielinizantes.
Quando ocorre a perda da bainha do nervo óptico, os sinais elétricos não conseguem chegar à área do cérebro que irá interpretar as imagens e como resultado, a pessoa pode perder parcialmente ou totalmente a visão.
Quais são os seus sintomas?
A nevrite ótica pode manifestar-se de maneiras distintas, dependendo do paciente, mas geralmente, tem um padrão de atingimento que segue uma linha específica, com a tríade clássica da doença:
- Diminuição ou perda da acuidade visual;
- Dor ocular (sobretudo quando movimenta os olhos);
- Discromatopsia, ou seja, uma perceção anómala das cores (sobretudo do vermelho).
Muitos pacientes são atingidos em apenas um olho, mas podem desenvolver sintomas em ambos. No início, o único sintoma presente pode ser a dor.
Com a evolução da doença em si, o comum é que os pacientes percebam perda da acuidade visual. Em algumas pessoas esses sintomas podem ser passageiros, já em outras podem permanecer sequelas, como dor ocular crónica e visão turva.
Quais são as suas causas?
A nevrite ótica pode surgir por diversas causas, inclusive manifestando-se de maneira idiopática, ou seja, sem uma causa aparente. Dentre as principais causas devemos destacar:
- Doenças autoimunes, como a esclerose múltipla;
- Infecções virais (Mycoplasma pneumoniae, varicela, herpes vírus, etc);
- Doenças inflamatórias (tuberculose, sífilis, etc).
Qual a relação da Nevrite ótica com a Esclerose Múltipla?
A esclerose múltipla é uma doença que causa a perda da bainha de mielina dos neurónios do sistema nervoso central. Essa bainha é indispensável para a propagação por fios elétricos, permitindo que ocorram os impulsos nervosos, ou seja, que as informações sejam levadas de um lugar a outro em nosso corpo.
Nos pacientes portadores de esclerose múltipla, a dificuldade na propagação destes impulsos provoca distúrbios na fala, na locomoção, na força e, também em alterações visuais. É importante lembrar que essa doença é progressiva e não tem cura, atingindo milhares de pessoas em todo o mundo.
A nevrite ótica está extremamente ligada a essa doença, sendo por muitas vezes, o primeiro sintoma a surgir, indicando a existência da esclerose múltipla. Nela, ocorre a desmielinização do nervo óptico, provocando a inflamação descrita anteriormente.
É importante que os pacientes que já tiveram um episódio de nevrite tenham avaliação regular com neurologista, pois a presença de exames neurológicos normais, não exclui a possibilidade deste paciente vir a desenvolver esclerose múltipla no futuro, daí a importância do acompanhamento.
Como é feito o seu diagnóstico?
O diagnóstico da nevrite ótica é feito a partir do exame oftalmológico em associação com os sintomas do paciente. Em seguida, o médico pode solicitar alguns exames complementares para definir a causa da lesão.
O oftalmologista pode realizar exames como a campos visuais, OCT, os potenciais evocados (eletrofisiologia) e o exame do fundo do olho (retinografia). Além disso, alguns marcadores sorológicos presentes no sangue do paciente podem indicar a causa da neurite.
A ressonância magnética do crânio, utilizando contraste, é de extrema importância para detectar as áreas de desmielinização.
Exames como o RX de tórax e a punção lombar também são bastante úteis, pois eles são capazes de demonstrar infeções e excluir o diagnóstico de doenças que podem mascarar a identificação de uma nevrite ótica.
Como é feito o tratamento?
O tratamento da nevrite óptica vai depender da sua causa. É importante que a inflamação seja corrigida, mas também é necessário que a causa essencial do problema seja resolvida.
Após o tratamento, existe uma grande possibilidade de melhoria gradual da acuidade visual e da dor ocular. Entretanto esse processo pode levar algumas semanas para acontecer.
Um dos medicamentos mais utilizados é a metilpredinisolona intravenosa. Ela pode auxiliar o retorno da visão, em especial nos casos em que a perda esta ligada a esclerose múltipla.
Um tratamento rápido e eficaz permite reverter sintomas e minimizar sequelas e na neurite óptica não é diferente.
Cuide da sua saúde visual!