A uveíte é a inflamação da úvea, a camada média do globo ocular, sendo a úvea constituída pela íris, coroide e corpo ciliar.
A coroide e o corpo ciliar ficam situados entre a retina e a esclera (parte branca do olho), sendo responsáveis pelo fornecimento do fluxo de sangue às camadas mais profundas da retina.
As uveítes são consideradas uma patologia rara (cerca de 50% casos são idiopáticos) que englobam cerca de 30 entidades diferentes, sendo responsáveis por 10-15% de cegueira.
A uveíte é menos comum nos primeiros 10 anos de vida e a diminui a partir dos 60 anos.
A história clinica atenta, a observação do paciente (lâmpada de fenda e fundoscopia) de uma forma cuidadosa, estabelecem por si, mais vezes do que poderíamos esperar, um diagnóstico.
O seu diagnóstico atempado e o tratamento precoce são, por isso, importantes para evitar complicações graves.
...corticoides, cicloplégicos, imunossupressores e anti-inflamatórios não esteroides.
Na uveíte anterior, o tratamento deve ser sempre efetuado em função do agente causal.
No entanto, em virtude do diagnóstico da etiologia nem sempre ser rápido, o tratamento passa sempre pela utilização de anti-inflamatórios, nomeadamente, os esteroides.
A uveíte posterior não infeciosa se trata com corticoides orais ou por injeções subconjuntivais.
A uveíte posterior associada a doença crónica pode necessitar de imunossupressores
Na uveíte intermédia, normalmente, apenas é afetado um dos olhos.
Este tipo de uveíte tem tratamento adequado.
A cirurgia pode ser necessária por complicações e situações associadas a ela, como catarata ou glaucoma, descolamento da retina, opacidade do vítreo ou edema macular.
Não esquecer que normalmente é necessária a colaboração de um médico de medicina interna, de infeciologia ou de reumatologia que dessa forma complemente o seu estudo e tratamento da doença.
Quase todos os casos de uveíte tem tratamento, sendo que em primeiro lugar deve ser efetuado o correto diagnóstico etiológico (causa) e consequentemente a medicação correspondente (tratamento).
Os pacientes com uveíte devem de ser vigiados regularmente.
A uveíte anterior pode apresentar-se sob a forma de irite ou iridociclite.
A irite sendo a forma mais frequente, caracteriza-se pela inflamação da íris e da câmara anterior. Por sua vez, a iridociclite é a inflamação que afeta a íris e o corpo ciliar.
A iridociclite apresenta os mesmos sintomas que a irite, todavia, compreende também inflamação na cavidade vítrea.
A forma mais frequente da uveíte anterior bilateral é a iridociclite. Esta condição pode ocorrer como um único episódio de resolução com tratamento adequado, ou pode assumir carácter recorrente ou crónico.
Olho vermelho
Fotofobia (sensibilidade à luz)
Visão turva
Alteração pupilar (irregular ou miose)
Dor ocular
Cefaleias
Manchas escuras a flutuarem no campo visual “moscas volantes”
Catarata
Glaucoma
Atrofia da íris
Hipotonia
Edema macular cistoide
Vitrite/opacidades vítreas
Queratopatia em banda calcificada
Descolamento da retina regmatógeneo
Neovascularização da retina/coroide
Perda de acuidade visual
Cegueira
É uma uveíte anterior, rara, aguda e não granulomatosa, de inicio súbito e que pode ser dolorosa.
Manifesta-se por epífora, fotofobia e espasmo orbicular.
Observa-se edema estroma iris, que desaparece ao fim de 10-15 dias.
A dor irradia até a região fronte-temporal do mesmo lado.
É uma uveíte anterior, que afeta a iris e o corpo ciliar, bilateral, recidivante e crónica.
Manifesta-se por dor, fotofobia, precipitados queráticos, flocos de fibrina sobre a iris (zonas de edema e placas de atrofia da iris) e sinequias posteriores.
É a Toxoplasmose.
A transmissão ocorre por via transplancentária, com seroconversão materna durante a gravidez, após a ingestão de alimentos contaminados.
De acordo com a fase da gestação em que ocorre a transmissão o quadro clínico adapta forma e gravidade diferentes. Durante o primeiro e segundo trimestre dá origem a um quadro sistémico grave com envolvimento do SNC. No terceiro trimestre provoca um quadro de retinocoroidite que evolui até à cicatrização, promovendo a ambliopia do olho afetado dado a sua localização ser habitualmente macular.
Na maioria dos casos, a uveíte posterior aguda decorre da reativação de lesão quiescente.
Foi recentemente demonstrada a transmissão oral do Toxoplasmose gondii através da ingestão de cistos em alimentos contaminados.
Os doentes apresentam diminuição da acuidade visual, foco de retinocoroidite ativo, vitrite, vasculhe e por vezes sinal de uveíte anterior.
O diagnóstico é essencialmente clínico.
As lesões cicatriciais na periferia não carecem de tratamento; as lesões centrais, como macular, nervo ótico, feixe papilomacular, vitrite grave e imunosupressão constituem critérios para tratamento.
Tratamento: Pirimetamina associado a suplementação com ácido folínico. Outras opções: sulfadiazina, clindamicina, corticoterapia
É a segunda causa mais frequente de uveite posterior nas crianças.
Pode-se apresentar como endoftalmite crónica, granuloma polo posterior e granuloma periférico.
A endoftalmite crónica manifesta-se entre os 2 a 7 anos de idade, com diminuição da acuidade visual, leucocória, estrabismo, uveite anterior e vitrite exuberante. O granuloma do polo posterior manifesta-se entre os 6 a 14 anos de idade com diminuição da acuidade visual, leucocória, estrabismo e com granuloma retinocoroideo macular. O granuloma periférico é mais no adulto.
O diagnóstico é efetuado conjugando os dado clínicos com os resultados laboratoriais.
Tratamento: corticoterapia; controverso.
A uveíte intermédia é também conhecida por pars planitis.
A vitrite é caracterizada por células inflamatórias na cavidade vítrea ("bola de neve"), por vezes, com snowbanking ou deposição de material inflamatório na pars plana.
Na uveíte intermédia, os sintomas mais comuns são a perceção de “moscas volantes” e visão turva. Menos comum é a presença de dor e fotofobia.
Coriorretinopatia de “birdshot”
AMPPE (Acute multifocal placoid pigment epiteliopathy)
Coroidite Serpiginosa
MCP (multifocal choroiditis and panuveitis syndrome)
PIC (punctuate ineer choroiditis)
SFU (subretinal fibrosis and uveitis syndrome)
Mewds (multiple evanescente white dot syndromes)
ARPE (acute retinal pigment epitelitis)
AZOOR (acute zonal oculte outer retinopathy)
Nas pessoas idosas, as formas mais comuns de uveíte são a da toxoplasmose e a do herpes zóster.
É a forma mais comum de inflamação do segmento anterior.
Não é uma entidade clinica definida, sendo que não está associada com outros síndromes clínicos sistêmicos.
Apresenta-se clinicamente com tyndall, sinequias posteriores e fibrina.
É uma uveíte granulomatosa, bilateral, rara, grave, difusa e não necrosante.
Suspeita-se de oftalmia se no olho lesado ou operado aparecer uma injeção periquerática, fotofobia, lacrimejo, dor, tyndall, hemorragias intraoculares de repetição ou hipertensão ocular.
Tipicamente, o segundo olho tem um inicio insidioso, com fotofobia e alteração da acomodação. Posteriormente, a inflamação uveal manifesta-se por diminuição da acuidade visual, precipitados queráticos em gordura de carneiro, turvação vítrea, edema macular e descolamento retina exsudativo.
É uma pseudouveíte, rara, crónica recorrente, unilateral, de etiologia controversa (degenerativa ou imunológica).
Clinicamente apresenta-se com hipocromia iris (atrofia do estroma na zona pupilar, precipitados queráticos dispersos, pequenos e translúcidos e catarata sub-capsular posterior).
É uma pan-uveite bilateral, exsudativa, associada a vitiligo, poliose, alopecia, meningite e alterações auditivas.
Apresenta-se sob diferentes estadios (prodrómico, ocular e convalescença).
É um síndrome associado a crises glaucomato-ciclitica, unilateral e recidivante de etiologia desconhecida.
Apresenta-se com hipertensão ocular e ciclite com edema córnea, midríase, precipitados queráticos pequenos.
Sim pode, estando também associada normalmente a artrite.
Sim, podem provocar inflamação anterior e posterior. Se o paciente tiver uveíte e episódios associados de diarreia e sangue nas fezes devem fazer estudo.
Sim pode. A sarcoidose é uma doença granulomatosa idiopática com manifestações oculares frequentes.
A uveíte ocorre independentemente da atividade o da gravidade da doença sistémica, geralmente precedendo ou no primeiro ano do inicio da sarcoidose.